É verdade que vivemos tempos terríveis. Parece-me que se uma bomba nuclear explodisse dentro de cada pseudopessoa seríamos mais felizes (ora, eu seria). Aqui, na terra pátria, a glória de intestinos verdes e amarelos sendo manchados de vermelho (pois o sangue ainda é vermelho, senhores) seria realmente insuperável. Milhares de camisas da seleção Brasileira em chamas radioativas, dançando ao som de ondas térmicas insuportáveis. Apocalipse já!
Odeio oitenta por cento das pessoas que conheço e cem por cento das que não conheço (por via das dúvidas). Eu tenho um radar bom para gente babaca e isso torna passear por Ipanema quase insuportável. Um almoço no Shopping Leblon é um martírio. Sei de olhar para cara de um sujeito se ele é do tipo que esculacha empregado. Sinto de longe cheiro de quem se acha melhor do que os outros e é, na verdade, um merda. Já que não explodem as bombas atômicas pessoais, sigo odiando muito por metro quadrado. O problema é que isso cansa. Queria mesmo era poder parar de odiar. Ou seja, que todas morressem.
Minha esposa me diz com razão que o problema sou eu, que deveria deixar afetar-me menos pelo que está além do meu alcance. Foi bom ter casado com uma pessoa sábia e que sabe dizer exatamente as cosias que precisamos ouvir mas no entanto entretanto todavia eu ainda sim gostaria que metade do sêxtuplo de toda essa gente que habita as cercarias entrasse num extrusor gigante e virasse minhoca ou salsicha.
Digo a ela que não sou bem eu é meu eu lírico que é assim raivoso e que só explode numa página vazia e que qualquer ato mais insano eu jamais faria tipo votar 17 na eleição.
É culpa de 17 com ascendente em 45 e se me deixar molhar o bico eu digo que o 13 também não deu sorte nessa gematria astrofísica da morte que somou e deu .44 (de Magnum) na cabeça do pobre coitado que um dia pensou que eu sou ele e serei ele até dispensar que serei quando o corpo cair desfalecido e na igreja tocarem os sinos avisando pro coveiro ir pegar a pá. Pá. Pá. Pá. Que me lembra…
Birolirolirolá. Birolirolirocá. Ra tá tá tá! Ra tá zâ ná! Bi ros ca. Rosca. Biroliro não gosta de rosca queimada (e cariocas não gostam de dias nublados é o caralho). Biroliro só gosta de bang bang. Biroliro curte Golden shower. Birominons, sempre avante!
Fico imaginando como será a vida em cinquenta anos. Na nota de 100 reais (que usaremos para comprar um chiclete) estará estampado o sorriso demente de um wanna be ditador decadente. Esse chiclete será cuspido e grudará na sola de quem tá na fila do emprego. A fome, esse demônio irritante, fará gente comer chiclete de sola de pé, pois os sapatos terão virado sopa na fogueira atômica de um barril de césio largado no pátio de uma escola desocupada para virar base militar e baseado no que faremos frente ao expresso corrente de uma fudição sem saída? A vida será uma sucessão de suspiros doloridos e todos nós desdentados e desnutridos nos reuniremos frente a uma bandeira vazia que emitirá ondas quânticas hipnóticas astrais e cantaremos os hinos infernais para despertar um guerreiro insano que ousará pelas palavras profanas sacralizar o homem comum aquele alvo nojento de um descontentamento e de um chilique de alguém que passeava pelo shopping do Leblon e imaginaremos bombas teleatômicas miniaturizadas a explodir em saraivadas de um ra tá tá extático deste escritor maravilhoso esse xamã telepático que se agonizará em epifania ao bater uma bronha cósmica e que jogará porra na cara desgraçada de um biroliro do futuro.
Todos saúdem o xamã telepático! Nascido do ventre profano e criado a pó de miojo na beira do rio com suas ilhas de sofás amontoados e embarcações de porcos mortos inchados.
Ele é o herói desta pátria mais simpático e gozador supremo do momento final no qual o leite de pau irá fecundar a revolução! Luz, câmeras e atenção!
Voltando ao passado em um enredo de filme de tela quente eu que sou um Marty McFly meio diferente vejo um DeLorean carbonizado e se uma borboleta de uma asa só batê-la em certa sintonia é capaz de revertermos à antropofagia que nos salvará de um quiproquó então salvemos as borboletas e arranquemos de todas somente uma asa e as guardemos todas em casa e as tratemos a pão de ló e com sorte ou pela morte a dor destes cortes as fará em uníssona agonia gerar uma hiperbruxaria que fará do ventre de uma moça bem vivida e que não tá nem aí pra essa coisa de ser de família nascer um menino que não é nem menino e nem menina e que será nosso xamã e nesse dia logo cedo quando ainda a manhã tem medo o xamã chorará o enredo que nos libertará quando com cem reais um mendigo visionário enganar algum otário e comprar um chiclete mastigado que ele cuspirá não por nojo ou por desprezo mas pelo puro terror de ser massacrado por um jumento disfarçado de cidadão do bem.
Roubou esse chiclete de quem, vagabundo?
Engole o chiclete, malandragem – Dirá o amigo de vadiagem compulsória.
Mas o medo rugindo o deixará paralisado e engasgará o chiclete azedo como um retardado e para puxar o ar necessário que vale menos que o chiclete (é verdade, pivete) o corpo jogará a goma boca a fora num tiro de canhão de despertar de aurora de um forte imponente em plena guerra de algum continente perdido – Atlântida!
E o chiclete cuspido será o fim.
Imagem: Devalei Love por Pixabay
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