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Foto do escritorDr. Facilier

O Decálogo do Cartomante (Taromante)

Saudações, crianças!

O titio está muito contente: o curso de Tarô Cartomântico do Espelho de Circe está bombando; a turma é extremamente aplicada e interessada!


Animei-me, assim, a pôr no papel o decálogo do cartomante que usa o Tarô. A ideia era compartilhar o texto somente com os inscrito no curso, mas resolvi ser bonzinho e dar a vocês todos uma “palhinha” do que estamos estudando!

1 – Tarô é tarô

“Mantra” que vem sendo repetido há décadas por Nei Naiff, um dos pioneiros no ensino do Tarô no Brasil: Tarô é um baralho de 78 cartas, composto por 22 Arcanos Maiores (ou Trunfos) e 56 Arcanos Menores, que nada mais são do que as cartas do baralho comum acrescidas de 4 Cavaleiros para cada naipe (em alguns baralhos, o Pajem e o Cavaleiro foram renomeados como Princesa e Príncipe, mas isso já é outra história…).


Óbvio? De jeito nenhum! Afinal, ainda ouvimos falar de Tarô Cigano (o correto é Petit Lenormand ou Baralho Cigano), Tarô dos Florais, Tarô das Runas etc etc…


Quero dizer, com isso, que outros baralhos que não sigam essa estrutura (78 cartas = 22 Arcanos Maiores + 56 Arcanos Menores) não servem para cartomancia? Não! Apenas que, nesse caso, servirão somente para a cartomancia, mas não para a taromancia.

2 – Respeite a tradição simbólica

Todos os meus professores e bons autores de livros sobre cartomancia são unânimes em afirmar que, embora todo artista seja livre para criar um baralho, é preciso respeitar os símbolos tradicionais da Arte Cartomântica. Ponto.


Há tarôs lindíssimos, criados com máxima liberdade artística, mas que se distanciaram tanto dos símbolos tradicionais que não “conversam” mais na linguagem das velhas cartas… Devemos rejeitá-los? Não! Eu tenho vários, mas como colecionador apenas.


Sendo mais específico, Tarôs como o “Kama Sutra Tarot” e o “Cat Tarot” são muito bonitos, mas não se prestam ao bom exercício da cartomancia.

3 – Adote uma escola

Há várias escolas interpretativas: a escola antiga vai até o século XIX e a escola moderna começa no século XX, assim como há a escola europeia e a escola americana. Dentro dessas escolas, há subescolas e grande parte dos significados por elas atribuídos às cartas são diferentes.


Que confusão, não? De fato!


Mas o que fazer? Simples: ao invés de você entupir a sua cabeça com significados conflitantes de várias escolas, adote uma. Siga-a estritamente e você terá muito sucesso nas suas leituras.


Não há escola certa e escola errada em matéria de cartomancia. Contudo, se você as misturar, vai acabar é fazendo uma “saladomancia”!

4 – A mão do cartomante é soberana

Este mandamento eu aprendi com o grande cartomante e professor Emanuel J. Santos: a interpretação dada a uma carta por um cartomante num determinado jogo é a única correta. As cartas falam individualmente com cada cartomante, pois, ao longo do tempo, vai-se estabelecendo uma linguagem única entre as cartas e quem as deita.

Portanto, nada de ficar postando fotografias de mesas de jogo no Facebook, no Instagram, no WhatsApp e no Telegram para pedir a opinião dos coleguinhas sobre a sua interpretação. Só você, cartomante, é quem pode interpretar as cartas por você deitadas numa mesa!

5 – Menos é mais

Este aqui é um lema que eu repito vezes sem conta para as minhas turmas de tarô: aprenda bem, mas muito bem mesmo, pouco conteúdo, ao invés de querer saber tudo, conhecer tudo, mas fazer uma mistureba indigesta e superficial.


Mais vale saber muito de pouco do que pouco de muito!

6 – Veja a vida sob a lente da cartomancia

Cartomancia não é uma arte que se expressa somente na mesa de jogo. O cartomante respira cartomancia o tempo todo.


Como fazer isso? Fácil! Associe toda e qualquer situação do dia a dia às cartas. Faça o mesmo com filmes, desenhos animados, HQs, romances e músicas. Todos os dias, ao acordar, tire uma, duas ou três cartas que descreverão o seu dia, lembrando de anotá-las num caderno próprio para isso. À noite, antes de se deitar, escreva como foi o seu dia e de que maneira as cartas sorteadas pela manhã o refletiram.

7 – Pratique diariamente

Assim como um pianista tem de fazer exercícios com escalas todo santo dia para não perder a agilidade, a flexibilidade e a força dos dedos, qualquer cartomante deve lidar com seu baralho todo dia, de domingo a domingo, faça chuva ou faça sol.


Mas que exagero! – pensarão alguns de vocês. Quer dizer, então, que terei de agendar atendimentos todos os dias, sem parar para descansar nem mesmo num domingo? Nada disso! Quero dizer que você deve pegar o seu baralho, olhar para ele, brincar com ele diariamente, nem que seja por cinco minutinhos.

8 – Estude muito

Estude, estude e estude. Leia tudo que há sobre o assunto. Com os autores bons, você sempre aprenderá. E com os autores ruins também, pois concluirá como não se deve jogar o tarô.


Ué, mas o Dr. Facilier não disse agora mesmo que não se pode misturar escolas cartomânticas? Isso mesmo. Estudar tarô, porém, não significa misturar escolas de interpretação, mas apenas se dispor a aprender continuamente. Sempre. Até o resto da vida.

9 – Seja honesto

Só diga o que você estiver realmente vendo nas cartas. Não enrole. Não floreie. Não viaje na maionese!


Ninguém consulta um cartomante para saber o que ele “acha” a respeito de uma questão, mas o que as cartas “dizem”. O cartomante é um mero intérprete do que esses linguarudos pedaços de papel colorido têm a dizer.


E se você não vir nada nas cartas? E se não conseguir encontrar, nelas, a resposta à pergunta do consulente? Ora, seja franco: diga que não viu, diga que vai jogar de novo e se, mesmo assim, continuar a não entender a resposta das cartas, peça ao cliente para voltar noutro dia (e não cobre pela consulta!).

10 – Não opine!

Cartomante não é palpiteiro! O cliente não quer saber a sua opinião, a sua visão de mundo, os seus valores morais, seus gostos e desgostos. Ele quer uma resposta das cartas e nada além disso.


Cartomante cheio de opinião é um perigo! Pior ainda é o cartomante que dá diagnósticos médicos, pois pode ser enquadrado no tipo penal do exercício ilegal da medicina. O máximo que se pode falar a um cliente é que as cartas mostram essa ou aquela situação de saúde, recomendando-lhe enfaticamente que procure um médico.

Ah, mas e seu eu quiser opinar? E se eu estiver jogando para uma amiga querida (pai, mãe, irmã, tia, vizinha…)? Simples. Diga à pessoa que vai dar a sua opinião, a sua visão, mas que não está vendo isso nas cartas. Muito mais verdadeiro, não?


É isso! Leiam este decálogo e reflitam. Ele poupará muitos tropeços e aborrecimentos a quem aplicá-lo à sua cartomancia.

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