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Foto do escritorNicholaj Frisvold

Libélulas – as espiãs do Outro Lado

O folclore das libélulas é rico e variado e podemos até encontrar grandes variantes nas superstições, nos significados e na importância que elas têm entre lugares não muito distantes, como a Noruega e a Suécia. Na Noruega, minha terra natal, disseram-me que as libélulas eram almas sábias, mensageiras de Frigg. Disseram-me também para ter cuidado com elas, porque elas poderiam me ouvir, bem como orientar e ensinar. No entanto, na Suécia, as libélulas também eram vistas como conectadas ao reino das almas, mas os suecos as viam como caçadoras de almas, e que elas eram enviadas para levar as almas das pessoas más ao “povo que vive na colina” [1].

As lendas norte-americanas as descrevem como portadoras de presságios, em geral sinais de boa sorte, porém, se você adormecer à noite ao relento, elas podem vir e costurar sua boca e seus olhos e trazer azar. Os mitos dos nativos norte-americanos sugerem que as libélulas eram originalmente dragões [2].


Um coiote trapaceiro fez com que o dragão mudasse de forma e ele não pôde mais retornar à forma original. Como resultado, a libélula simboliza mudança, velocidade e ilusão. No País de Gales, a libélula é às vezes chamada de “Serva de Adder”, um ser capaz de encantar cobras, e na Inglaterra, de “Agulha do Diabo”, uma forma de “olheira” ou “espiã” do diabo. “Agulha do Diabo” e “Bruxa da Água” são termos comuns na Alemanha, e aqui também encontramos uma história sobre uma princesa mimada e malvada, muito antipatizada pelo povo do reino. Um dia ela teria esmagado um homem com seu cavalo de propósito, e a maldição do moribundo foi a de que ela ficaria unida a seu cavalo para sempre e, assim, seria transformada em uma libélula.


Na Inglaterra, País de Gales e na Escandinávia, considera-se o ato de matar as libélulas como azar, bem como no Tibete e no Nepal, onde os seguidores de Bön vêem a presença de libélulas como visitas de antepassados.


A libélula é verdadeiramente uma criatura notável, com mais de 5000 espécies. De fato, elas são fósseis vivos, provavelmente existentes desde os tempos dos dinossauros ou de pelo menos cerca de 300 milhões de anos. Estima-se que as libélulas pré-históricas pudessem ter uma extensão de asas de mais de meio metro, enquanto agora raramente são superiores a 12 centímetros. Elas podem permanecer como larvas, ou ninfas, que é o nome apropriado para este estágio, por até dois anos e, nesse estágio, se alimentam de peixes, mosquitos, de outras larvas e até de outras libélulas!

Quando fazem a transição de ninfas para dragõezinhos, elas se arrastam para fora da água e deixam com que seus exoesqueletos se rompam, brotando da rachadura no abdômen como se fossem um pequenino telescópio. Realmente, uma bruxa d’água!


As libélulas fazem parte de um seleto grupo de predadores mais precisos que existem. Assim como os falcões e as águias, elas aterrissam na presa e a tomam com os pés, com cerca de 90% de sucesso de captura. Isso é possível graças à cabeça que é basicamente composta de um conjunto de muitos olhos. Libélulas comem, caçam e acasalam enquanto voam, e os favoritos do menu são todos os tipos de moscas, o que as tornam necessárias para manter o equilíbrio na natureza.


Essas “Bruxas Aquáticas” ou “Agulhas do Diabo” também são vistas como fadas ou mensageiras delas, e a Tinkerbell de Peter Pan é a mais óbvia delas, além das milhares de fadas representadas com asas libélulas que podemos encontrar na arte em todos os lugares. Provavelmente seja assim porque as fadas no norte da Europa fossem chamadas de “povo pequenino”, e pessoas pequenas com estes conjunto de asas duplas seriam vistas, naturalmente, como criaturas que poderiam atravessar os mundos, pertencendo tanto ao mundo das fadas, quanto ao mundo dos homens.


Pessoalmente, penso que elas sejam tão antigas que indiquem a presença da sabedoria dos tempos, e, portanto, que elas realmente possam nos ouvir. E porque não acreditar que sejam as espiãs do diabo ou que carreguem em seus pequeninos corpos a alma dos dragões?


[1] N.T.: “Mound”, colina ou montículos de terra onde vivem os mortos.

[2] N.T.: “Dragonfly” em inglês, ou “dragão-voador”, libélula.


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